ONDE TUDO COMEÇA

ONDE TUDO COMEÇA
ONDE TUDO COMEÇA

terça-feira, 16 de abril de 2013




ESTOURANDO A GARRAFA DE CHAMPANHE

Um ano e alguma coisa e tal a mais se passaram e a batalha continua. Os antiestrogênios não dispararam seu poder letal com a intensidade desejada ou esperada. A doença não evoluiu, é verdade. E isso é muito bom. Mas também não regrediu. Está lá visível a olho nu e nas imagens projetadas pelas superpoderosas máquinas que têm a capacidade de me provar que meu corpomatéria é uma doce ilusão e que elas são capazes de nele entrar e sair com um acionar de botão à distância. A médica aliada e companheira de batalha me sugere/recomenda/prescreve a químio. Não podemos perder o “timing” da coisa, ela me avisa, mostrando sua preocupação com o andar lento da carruagem para disparar canhões e atingir objetivos. Por outro lado eu já nem me desaponto mais. Cantei afiada e afinada com essa estória, levantando bandeiras e cantando hinos de louvor, glória, agradecimentos e coragem, fazendo rufar os tambores para o enfrentamento da batalha desde o início. Procurei unificar meus exércitos internos utilizando as mais variadas formas de estratégias. Fiz sucos de grama de trigo, tomei xarope de babosa com mel, modifiquei minha dieta para uns 40% de crudivorismo em meu cardápio, incluí na minha dieta alimentar a chia e outros grãos, suplementei meu organismo com todas as vitaminas do abecedário médico-orgânico, eliminei a carne vermelha e li, li, li, devorando com ardor, paixão e intensidade páginas e mais páginas de inumeráveis livros para acolher e nutrir meu espírito-emoção de tudo que fosse o melhor e mais sagrado em termos de conforto/ajuda/prática espiritual e emocional. Fundei uma nova biblioteca! É bem verdade que não parei meu mundo mantendo isso como único foco. Já sou obsessiva demais por natureza, mergulho mais fundo do que a zona de normalidade em tudo porque me apaixono; se descer a profundidades maiores será que não corro risco de não voltar? Com certeza não! Mas talvez me tornarei uma chata de galocha só tendo isto como único foco! Bom, o fato é que a químio está aí batendo a minha porta, ou melhor, aos portais que abrem e guardam o território do meu corpo e eu não estou oferecendo nenhuma resistência maior a ela. Que venha. Que flua. Que cumpra o seu papel detonando e eliminando o inimigo em todos os seus aspectos mais sorrateiros, não deixando dele nenhum vestígio sequer, nem uma sombra mínima e que depois do incêndio, das lavas desse vulcão surjam lindas, alegres e determinadas aquelas flores raras e belíssimas que povoam as inóspitas e solitárias encostas das montanhas vulcânicas revelando que a vida é sempre mais forte, desafiante e ousada do que a morte! Tim-tim!