ONDE TUDO COMEÇA

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terça-feira, 26 de novembro de 2013

ENVELHECER


(A minha humilde homenagem póstuma à minha mãezinha que faleceu em 13 de novembro próximo passado, com 86 anos de uma linda vida lúcida, cheia de amor, muita coragem e entusiasmo de viver e nos deixou órfãos e cheios de saudades e tristezas...)



envelhecer
atravessar a imaginária linha do tempo
e perder-se mil vezes nessa trilha 
mais mil vezes nela se encontrar.

envelhecer
equilibrar-se na imaginária linha da vida
e de pernas bambas, braços abertos, sorriso solto 
e com o rosto iluminado de amor e coragem
ir caminhando por sobre um fictício e invisível fio 
cujo fim se coloca
cada vez mais à frente.

envelhecer
e engravidar-se de mil beijos, gestando palavras, afetos e carinhos
e cobrir-se de emoção
e sem perder a razão
de peito aberto
chorar roto e profundo sua dor nas gretas do mundo

envelhecer
e descobrir
que a linha se partiu no fio dos dias
e então 
horas
minutos
segundos 
se esvaneceram...

e o fio se esgarçou
e os pés bambearam
e os dedos se feriram
e os braços se despedaçaram
e o espaço então se encheu de mil abraços alados
que num rufar de asas 
acolheram os fios soltos e já brancos de neve
e para outras pairagens iluminadas os conduziram
deixando no ar
um rastro de luz
uma dor aguda no peito
muitas saudades
doces lembranças
e muita tristeza...

na imaginária linha do tempo
em aberto
inacabados traçados 
riscos 
bordados 
desenhos por completar...

no ar
só voar... voar... livre voar...

e no fino fio desenhado no horizonte aberto
um ponto de luz a brilhar...





CAMINHOS, TRILHAS, ATALHOS, ESCOLHAS... DOR... RODOPIOS...
E A ATENÇÃO NO MOMENTO PRESENTE...

Leio muito sobre o fato de que sempre temos escolhas e somos livres para optar por este ou aquele caminho. Tenho dificuldades com essas escolhas. E nem sempre acho fácil escolher um caminho e nele permanecer, apesar dos acidentes em seu percurso me dando lições. O que quero dizer é que nem sempre consigo colocar em prática tanto quanto gostaria todas as opções que se me mostram como as mais adequadas diante de mim. Quando me dou conta, estou marcando “x” na resposta errada e seguindo uma trilha ou um atalho que já supunha ter deixado para trás, por ser reconhecidamente o menos adequado para mim. Minha amiga me diz que viver é um constante “Orai e Vigiai”; que voltar aos velhos hábitos é muito fácil e rápido, já que na grande maioria das vezes vivemos no piloto automático. E ela tem razão. Reagir é fácil demais. É quase fora de controle, caso a gente não esteja atenta. Uma coisa, porém, tenho descoberto e que me tem ajudado bastante: é a conscientização da emoção brotando no momento presente e na hora em que ela se dá. Se estou atenta ao que está ocorrendo dentro de mim, às emoções-sentimentos que estão rolando/disparando dentro de mim naquele exato instante, o gatilho emocional ou não dispara, ou dispara em câmera lenta, me dando tempo de interromper o seu curso e não provocar os estragos. Ou se chegar ao seu alvo final, chegar com pouca força para ferir ou machucar o outro. O problema é que nem sempre rola desse jeito. E aí, muitas vezes, é um Deus nos acuda! E tem horas que nem Deus acudindo, eu sossego na birra!

Além desse exercício de atenção e conscientização, uma outra coisa que forçosamente me impõe a mudança é a dor. Seja ela física ou emocional. Aliás, a emocional é lição, aprendizado do tipo “para a vida toda”. E se me recuso a aprender, ela volta de novo, insistente. Até que um dia eu me rendo e aprendo e mudo e troco a prosa por poesia!

Dizem que viver é um aprendizado constante. Acredito nisso. Mas penso que procurar ser um bom aluno na escola da Vida faz toda a diferença. E para isso, quando me olho, me digo: seja grata, esteja emocionalmente disponível, entusiasmada e pronta pro abraço e pro rodopio. Porque o mundo gira e a vida dá muitas voltas! E querendo ou não você baila junto e, às vezes num sapateado de tirar o fôlego! Melhor aprender a valsar  humanamente com leveza, suavidade e beleza! 

Que eu aprenda, Meu Deus! Um dia de cada vez! E com muitos anos de vida, saúde, paz e alegria pela frente! Obrigada, Senhor, seguido de 10.000 améns!


ENCONTRE ALEGRIA E ENTUSIASMO - OU SEJA, DEUS! - EM SUA JORNADA


Amei este texto do Spinoza. Penso exatamente assim. Sou apaixonada pela natureza: bichos, pedras, plantas, rios, cachoeiras, mares, noites de lua, estrelas no firmamento... Abraço cheia de entusiasmo este texto aqui, respirando Deus em cada palavra, em atitude de oração e silêncio... E divido com enorme prazer cada palavra dele com as pessoas que por aqui passarem e entrarem em contato com o sentimento aqui revelado. Muita saúde, paz e alegria em nossas vidas!


Deus segundo Spinoza 
(Deus falando com você)

Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrute de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.

O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tu alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz ... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da  eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.
Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar.
Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demostra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.  Te sentes olhado, surpreendido? Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-se dentro ... aí é que Estou, batendo em ti.
Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu:
“Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.
Para reflexão.

Baruch Spinoza.

(As palavras acima são de Baruch Espinoza – nascido em 1632 em
Amsterdã, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos
grandes racionalistas do Século XVII dentro da chamada Filosofia
Moderna. Era de família judaica portuguesa e é considerado o fundador
do cristianismo bíblico moderno. Acredite, essas palavras foram ditas em
Pleno Século XVII.)



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A DOR FAZ PARTE DO PROCESSO. A RAIVA TAMBÉM.



SEM NEGAR SENTIMENTOS: A RAIVA

Digo para mim mesma, inúmeras vezes, que a raiva que muitas vezes sinto é um sentimento legítimo e necessário. Ela brota de minhas entranhas sem pedir licença. Escapa ao meu controle. O que faço com ela é que pode vir a ser ruim. Ou totalmente bom. Estou no aprendizado desta emoção tão forte. Minha amiga psicoterapeuta me manda usá-la para os fins que quero alcançar no combate da doença. Ou seja, a raiva não é de todo ruim. Todos precisamos de uma boa dose de agressividade para abrirmos nosso caminho na vida. Sem essa energia de indignação, nada feito! Então, agradeço por ser uma pessoa que reage com força, que não se deixa abater com facilidade, que cai no chão, mas logo em seguida, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima e parte novamente pra luta. Sou uma pessoa assim: encaro as tempestades e seus raios e trovões de frente. Mas com o devido respeito e temor! 

Outro dia, assistindo ao programa SEM CENSURA na TV Brasil, vi um especialista nesta área emocional dizendo que há cinco sentimentos básicos que nos invadem e que são normais e ultranecessários. São eles: (1) o Medo; (2) a Raiva; (3) a Alegria; (4) a Tristeza e (5) não consigo me lembrar, sorry. Lembro-me de que ele disse que a depressão era resultado da raiva reprimida, mal resolvida e transformada em sentimento de impotência diante de uma realidade em que a pessoa não se sentia com competência para mudar. Daí que a raiva, vista sob o ângulo de uma força que busca sua expressão é uma bênção. Ela somente se torna em algo negativo, quando passa a ser usada para socar paredes, derrubar torres gêmeas e de uma forma destrutiva, agredir pessoas e coisas. Esta é a raiva mal resolvida, que se transforma em agressão e morte e, por isso mesmo, deve ser combatida, pois é destrutiva. Nada tem a ver com a vida. Essa mesma energia, porém, quando devidamente canalizada em sua expressão - seja para as artes, os exercícios físicos, esportes, a literatura e outras modalidades positivas correlatas - se torna uma excelente forma de combater o mal que nos aflige e, até mesmo, fazer surgirem resultados surpreendentemente positivos. É o despertar  de uma energia natural cuja expressão de forma criativa nos reconecta com nossas poderosas forças também criativas e curadoras. Portanto, Vamos nessa: transformemos nosso "lixo" em ouro e ressurreição! E que Deus nos abençoe nessa empreitada!


domingo, 24 de novembro de 2013

ADORO RETICÊNCIAS...




SOMOS TODOS UM!




O SONHO DA VIDA






REFLETINDO EM DÓ MAIOR...



Após praticamente 5 meses tomando mingau de aveia vinte oito vezes em 14 dias, mais água de coco,  para contornar os efeitos colaterais do xeloda, minha paciência chegou ao fim! Estou de mingau de aveia até a alma. E não “guento” mais nem sentir o cheiro! Não sei bem se foi por isso, quero dizer pela interrupção do mingauzinho (mantive a água de coco sem muita disciplina), os efeitos do xeloda brotaram com toda força nos meus lindos pezinhos que ficaram vermelhinhos, sem poder praticamente tocar no chão e muita ardência. Abriu também uma feridinha, como se fosse uma frieira nos dois últimos dedinhos de cada pé. E minhas perninhas ficaram bem inchadas. Uma beleza de defeitos colaterais! Minha médica diminuiu 500mg e suspendeu por 14 dias o medicamento. Mas quando voltei a tomar, a primeira semana foi bem, mas já a partir do 10º dia eu estava sentindo as ardências, mais pontadas, mais aquela sensação de pisar sobre areia quente e etc. E aí fiquei com raiva do xeloda com vontade mandar ele pro espaço. E disse pra minha médica: - Olha, sem cabelo eu vou a Nova York, mas sem pés não ando nem dentro de casa. Aliás uma das coisas que xeloda me impôs foi parar de caminhar. Logo eu que sou uma andarilha assumida e adoro caminhar. Foi um golpe baixo e muito feio desse medicamento. Parei com as caminhadas obrigatória e forçosamente. Os exames de imagem, porém, mostraram que o medicamento está atuando bem no meu organismo, daí eu precisar ter um pouco mais de paciência e continuar com o ele. Pelo menos, como diz minha médica, por mais algum tempo. E depois estudaremos um outro protocolo. Estou ansiosa pelos novos protocolos. E ao mesmo tempo, consciente de que os efeitos colaterais são quase sempre inevitáveis em todos eles. Tô na batalha, procurando ter energia e bom humor pra encarar o câncer de frente. Nem todo dia, fico bem emocionalmente. A raiva é um sentimento muito presente, forte e constante nas minhas reações diante do câncer. Já olhei o xeloda como um veneno. Fiquei com raiva do medicamento. Agora estou mais em paz. Minha médica tornou a suspender por mais 14 dias o remédio para contornar os efeitos e reduziu a dose em mais 150mg. E me avisou que cheguei no limite da redução: 20%. Vi numa bula que o limite poderia ser de até 25%. Mas não quis entrar nesse mérito com ela. Pelo menos, por enquanto. Vamos ver até quando aguento “xelodar”. Há muito trabalho pela frente. Tenho relaxado bastante comigo. Muitas coisas interferindo. E a pior de todas e a mais triste, foi a perda recente de minha mãe em seus 86 aninhos de uma vida tão linda! Era uma “garotinha” ainda, bastante lúcida, antenada na vida, que lia jornal todos os dias, adorava ler livros, fazer palavras cruzadas, acompanhar as estórias dos netos, seus namoros e projetos de vida. Um câncer de cabeça de pâncreas a levou. Rapidinho: 3 semanas. Mal deu tempo de nos conscientizarmos da doença e os efeitos devastadores já se mostravam avançados e extremamente devastadores. A bênção ficou por conta do pouquíssimo sofrimento que ela teve. Ainda estou enxugando as lágrimas que não  se cansam de brotar, derramando-se em lembranças embrulhadas em muitas saudades.

Hoje vejo a morte como um segundo nascimento. Vejo este lindo Planeta Terra como um grande útero. Aqui estamos encarnados num processo de gestação para crescimento, aprendizado e evolução e quando chega o momento já previamente determinado pelo Além, fazemos nossa passagem e somos dados à Luz, novamente. É preciso que esta hora seja tão bem acolhida, respeitada, cheia de carinho, silêncio, oração e atenção como  é a hora do nascimento para esta vida. A hora da saída é uma hora sagrada. É preciso que saiamos leves e com suavidade. Sem tubos, sem UTI’s, sem nenhuma intervenção da medicina moderna que nos deixe desassistidos e longe de nossos familiares, ao abandono das máquinas. Minha mãe se foi cercada de nosso imenso carinho e de mãos dadas conosco, numa passagem leve e suave. Como realmente deve ser o nascimento para uma outra vida além da vida! E estou convicta de que ela está bem onde está e cercada de muita luz espiritual e seres espirituais iluminados porque ela era aqui na Terra essa pessoa também iluminada que por onde passou, clareou os caminhos com sua palavra de amor e compreensão e seus gestos de delicadeza, atenção e carinho! Que Deus a tenha com muito amor!