(A minha humilde homenagem póstuma à minha mãezinha que faleceu em 13 de novembro próximo passado, com 86 anos de uma linda vida lúcida, cheia de amor, muita coragem e entusiasmo de viver e nos deixou órfãos e cheios de saudades e tristezas...)
envelhecer
atravessar a imaginária linha do tempo
e perder-se mil vezes nessa trilha
e mais mil vezes nela se encontrar.
envelhecer
equilibrar-se na imaginária linha da vida
e de pernas bambas, braços abertos, sorriso solto
e com o rosto iluminado de amor e coragem
ir caminhando por sobre um fictício e invisível fio
cujo fim se coloca
cada vez mais à frente.
cada vez mais à frente.
envelhecer
e engravidar-se de mil beijos, gestando palavras, afetos e carinhos
e cobrir-se de emoção
e cobrir-se de emoção
e sem perder a razão
de peito aberto
chorar roto e profundo sua dor nas gretas do mundo
de peito aberto
chorar roto e profundo sua dor nas gretas do mundo
envelhecer
e descobrir
e descobrir
que a linha se partiu no fio dos dias
e então
horas
minutos
segundos
se esvaneceram...
e então
horas
minutos
segundos
se esvaneceram...
e o fio se esgarçou
e os pés bambearam
e os dedos se feriram
e os dedos se feriram
e os braços se despedaçaram
e o espaço então se encheu de mil abraços alados
que num rufar de asas
acolheram os fios soltos e já brancos de neve
acolheram os fios soltos e já brancos de neve
e para outras pairagens iluminadas os conduziram
deixando no ar
um rastro de luz
um rastro de luz
uma dor aguda no peito
muitas saudades
doces lembranças
e muita tristeza...
na imaginária linha do tempo
em aberto
inacabados traçados
riscos
bordados
desenhos por completar...
no ar
só voar... voar... livre voar...
e no fino fio desenhado no horizonte aberto
um ponto de luz a brilhar...
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