ONDE TUDO COMEÇA

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domingo, 24 de novembro de 2013



REFLETINDO EM DÓ MAIOR...



Após praticamente 5 meses tomando mingau de aveia vinte oito vezes em 14 dias, mais água de coco,  para contornar os efeitos colaterais do xeloda, minha paciência chegou ao fim! Estou de mingau de aveia até a alma. E não “guento” mais nem sentir o cheiro! Não sei bem se foi por isso, quero dizer pela interrupção do mingauzinho (mantive a água de coco sem muita disciplina), os efeitos do xeloda brotaram com toda força nos meus lindos pezinhos que ficaram vermelhinhos, sem poder praticamente tocar no chão e muita ardência. Abriu também uma feridinha, como se fosse uma frieira nos dois últimos dedinhos de cada pé. E minhas perninhas ficaram bem inchadas. Uma beleza de defeitos colaterais! Minha médica diminuiu 500mg e suspendeu por 14 dias o medicamento. Mas quando voltei a tomar, a primeira semana foi bem, mas já a partir do 10º dia eu estava sentindo as ardências, mais pontadas, mais aquela sensação de pisar sobre areia quente e etc. E aí fiquei com raiva do xeloda com vontade mandar ele pro espaço. E disse pra minha médica: - Olha, sem cabelo eu vou a Nova York, mas sem pés não ando nem dentro de casa. Aliás uma das coisas que xeloda me impôs foi parar de caminhar. Logo eu que sou uma andarilha assumida e adoro caminhar. Foi um golpe baixo e muito feio desse medicamento. Parei com as caminhadas obrigatória e forçosamente. Os exames de imagem, porém, mostraram que o medicamento está atuando bem no meu organismo, daí eu precisar ter um pouco mais de paciência e continuar com o ele. Pelo menos, como diz minha médica, por mais algum tempo. E depois estudaremos um outro protocolo. Estou ansiosa pelos novos protocolos. E ao mesmo tempo, consciente de que os efeitos colaterais são quase sempre inevitáveis em todos eles. Tô na batalha, procurando ter energia e bom humor pra encarar o câncer de frente. Nem todo dia, fico bem emocionalmente. A raiva é um sentimento muito presente, forte e constante nas minhas reações diante do câncer. Já olhei o xeloda como um veneno. Fiquei com raiva do medicamento. Agora estou mais em paz. Minha médica tornou a suspender por mais 14 dias o remédio para contornar os efeitos e reduziu a dose em mais 150mg. E me avisou que cheguei no limite da redução: 20%. Vi numa bula que o limite poderia ser de até 25%. Mas não quis entrar nesse mérito com ela. Pelo menos, por enquanto. Vamos ver até quando aguento “xelodar”. Há muito trabalho pela frente. Tenho relaxado bastante comigo. Muitas coisas interferindo. E a pior de todas e a mais triste, foi a perda recente de minha mãe em seus 86 aninhos de uma vida tão linda! Era uma “garotinha” ainda, bastante lúcida, antenada na vida, que lia jornal todos os dias, adorava ler livros, fazer palavras cruzadas, acompanhar as estórias dos netos, seus namoros e projetos de vida. Um câncer de cabeça de pâncreas a levou. Rapidinho: 3 semanas. Mal deu tempo de nos conscientizarmos da doença e os efeitos devastadores já se mostravam avançados e extremamente devastadores. A bênção ficou por conta do pouquíssimo sofrimento que ela teve. Ainda estou enxugando as lágrimas que não  se cansam de brotar, derramando-se em lembranças embrulhadas em muitas saudades.

Hoje vejo a morte como um segundo nascimento. Vejo este lindo Planeta Terra como um grande útero. Aqui estamos encarnados num processo de gestação para crescimento, aprendizado e evolução e quando chega o momento já previamente determinado pelo Além, fazemos nossa passagem e somos dados à Luz, novamente. É preciso que esta hora seja tão bem acolhida, respeitada, cheia de carinho, silêncio, oração e atenção como  é a hora do nascimento para esta vida. A hora da saída é uma hora sagrada. É preciso que saiamos leves e com suavidade. Sem tubos, sem UTI’s, sem nenhuma intervenção da medicina moderna que nos deixe desassistidos e longe de nossos familiares, ao abandono das máquinas. Minha mãe se foi cercada de nosso imenso carinho e de mãos dadas conosco, numa passagem leve e suave. Como realmente deve ser o nascimento para uma outra vida além da vida! E estou convicta de que ela está bem onde está e cercada de muita luz espiritual e seres espirituais iluminados porque ela era aqui na Terra essa pessoa também iluminada que por onde passou, clareou os caminhos com sua palavra de amor e compreensão e seus gestos de delicadeza, atenção e carinho! Que Deus a tenha com muito amor!




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